terça-feira, janeiro 31, 2006

Recomeçar a construir os alicerces de nova crise...

No últimos meses/semanas têm vindo à luz do dia um número incontável de investimento directo estrangeiro em Portugal. É o IKEA, é a Iberdrola, é a Microsoft, é a manutenção da Auto-Europa.
Parece ser uma obra milagrosa o que o actual governo está a fazer, pois após alguns anos de desinvestimento estrangeiro em Portugal parece que eles estão a regressar, a questão que se coloca é o porquê. Porquè o desinvestimento primeiro , porquê o investimento agora.

O desinvestimento teve a ver com a deslocalização para o leste Europeu de muitas fábricas (e tb para o sudeste asiático). Estes países afereciam várias vantagens:
- Mais perto dos grandes centros consumidores;
- Maior flexibilização laboral e menos impostos:
- Maior qualificação da população
- Menores salários.

Isso levou a que o leste tivesse vindo a crescer a taxas de 4%, fazendo com que a Rep. Checa e Eslovénia nos ultrapassassem (e não longe se prefigura a ultrapassagem da Hungria, Eslováquia, ...)

Mas o que mudou para eles regressarem a Portugal?
Se repararmos bem todos os investimentos são fábricas de montagem ou fabrico industrial de baixa complexidade, nenhuma vem para aqui montar um centro de investigação, de pesquisa ou de design. Então o que se passou mesmo:
Com o crescimento de Leste os salários tornaram-se mais altos, é verdade que um eng. Checo ganha menos do que um eng. alemão, mas já ganha mais que um operário qualificado alemão.
A maior qualificação da população referida anteriormente tem indo a fazer com que nesses países da montagem e fabrico as empresas tenham começado a deslocar para aí os centros de desenvolvimento de produto, assim como as operações de produção que requerem maior qualificação. Esta deslocalização está a deixar as anteriores unidades baseadas em mão de obra barata com dificuldades em arranjar trabalhadores a baixo preço e daí que tèm de mudar de país. E mudar para onde:
- Com a eleição da direita nacionalista na Polónia este país apresenta demasiada instabilidade económica para arriscar novos projectos,
- A Roménia e a Bulgária começam a ver a sua adesão à UE adiada,
- Portugal (com alguma liberalização do mercado laboral) e (com apoios e incentivos fiscais para concorrer com as vantagens oferecidas a leste) mantém-se como um país com uma mão-de-obra pouco qualificada e com baixos níveis de remuneração. É essa mão de obra a necessária para processos de montagem ou de fabrico de baixa complexidade, e são os baixos custos que as empresas estrangeiras procuram.

É assim com um misto de apoios, flexibilização laboral e manutenção da biaxa qualificação da mão-de-obra portuguesa que o investimento volta a afluir a Portugal. A questão é até quando. Duas hipóteses se prefiguram:
- ou aumentamos a qualificação da população portuguesa para, como no leste fazer-mos a transição destas industrias para as que requerem maior grau de qualificação;
- ou esperamos. Esperamos que Roménia, Bulgaria e Turquia entrem na UE. Então vamos ver quantas empresas é que ficam. Poderá bem acontecer de novo o desinvestimento dos finais da década de 90 e iníicio de séc. e voltarmos a uma nova crise. É tempo de aprendermos que não podemos ficar sentados a pensar que com este investimentos somos ricos outra vez...

1 comentário:

João Dias de Carvalho disse...

Cada um e cada qual têm o país que merecem (ou seja, é capaz de construir)!!!


Governar a Rosa... JOB for de EX
E depois das Presidenciais...
http://sal-portugal.blogspot.com/
JAC – Sal de Portugal