quinta-feira, setembro 28, 2006

Mais um inteligente…

… hoje no DN, aqui, um artigo de opinião de uma inteligência que me escapa.
Assim esta parte escapa-me:
“…referia ao destino a dar a cerca de 200 mil funcionários públicos. A ideia é conhecida: diz-se que há funcionários públicos a mais e, logo, uma "solução" talvez fosse haver menos. Por acaso, ao mesmo tempo que esta "solução" era apresentada, saía também um relatório oficial mostrando que afinal, por comparação com a Europa desenvolvida, não teríamos assim tantos funcionários. Estaríamos até bem dentro da média. Isto deu logo azo a rumores sobre se, sendo assim, valeria a pena fazer alguma coisa com os ditos funcionários. Este argumento não vai por aí além. Os erros dos outros não justificam os nossos e, acaso se chegasse à conclusão de que deveria haver menos funcionários públicos, isso deveria ser independente de saber se a Suécia ou a Alemanha estão numa situação idêntica. Até porque muita coisa se fez mal em países do género da Suécia e da Alemanha,…”

Não percebo porque é que na Alemanha, na Suécia ou no Reino Unido se comete tamanho erro por terem mais funcionários do que nós. Se fosse verdade que o número de funcionários públicos fosse o determinante principal para a falta de competitividade da economia portuguesa então Portugal seria mais competitivo do que esses países, mas de facto não o é, ver aqui. A Suécia encontra-se à frente dos EUA na competitividade e a Alemanha e o Reino Unido estão no top tem, já Portugal está lá para baixo, para lá do 30º lugar. Assim sendo, não parece que o número de funcionários públicos seja assim tão importante.

A seguir, este senhor, continua com:
“…A educação, de resto, é a obsessão dos governos portugueses de há 200 anos a esta parte, desde que a instrução primária obrigatória foi instituída pelo liberalismo do século XIX até aos programas de fomento educativo da I República e (ao contrário do que diz a lenda) mesmo do Estado Novo.”

Sim foi uma obsessão, mas não foi concretizada, chegámos à década de 80 com o mais alto índice de analfabetismo da Europa Ocidental e ainda hoje somos o país com menos mão-de-obra qualificada. Tem razão que não é o ACTUAL SISTEMA DE ENSINO que vai resolver os problemas, mas daí a dizer que a educação não resolve nada, como afirma aqui:

”…. Trata-se apenas de constatar que não é a educação que vai resolver o problema económico português. Nós podemos pensar que a educação é uma coisa muito linda e muito excelente. (….). Em 1966, a nossa mão-de-obra era muito menos qualificada do que hoje e crescíamos a taxas de cerca de 7% ao ano. A China tem muito menos gente qualificada do que nós, mas isso não a impede de crescer cerca de 10% ao ano….”

Pois foi, em 1966 crescíamos a 6%, tínhamos acabado de abrir Portugal ao investimento externo e começada uma política de democratização do ensino superior. Conjugado com o baixo nível de que partimos tivemos crescimentos enormes, já agora comparados com os do final da década de 80 em que entrámos na EU. Também é verdade que a China cresce a 10%, tem menos gente qualificada, mas parte de um nível mais baixo ($6,800 per capita (2005 est.)) e nos últimos anos tem feito um esforço de qualificação do seu povo.
Dizer que a educação não resolve nada, é contradizer mais de uma década de estudos em que mostram que esta está altamente correlacionada com crescimento económico e assim como é que este senhor explica que a performance dos EUA onde 30% da população é licenciada, sendo os EUA um dos países mais bem qualificados. Não há correlação pois não?
Para este senhor não. Deve pensar que um país de analfabetos (por acaso veja-se que não teve a coragem de dizer que se devia cortar na educação para se precaver de críticas como esta, mas sem coragem de dizer a sua conclusão o relato dos factos basta), de gente com poucas qualificações será o paraíso, se pensa isso porque não emigra para o Brasil, ou melhor para Angola?

Ainda bem que os gestores portugueses não pensam isso, será por isso que eles são gestores?

Já agora deixo esta dica: Já que é Historiador limite-se à História, onde sem dúvida é bom, não tente falar do que não sabe, não quer saber, …

PS: Mais um, que se afirma investigador do Instituto Universitário Europeu de Florença entre 1995 e 2003. De facto o título dos alunos de doutoramento é investigador por questões burocráticas, por favor, não tente passar pelo que não é, corrija o CV e diga:
Phd student/investigador do Instituto Universitário Europeu de Florença entre 1995 e 2003

terça-feira, setembro 26, 2006

Temos funcionários públicos a mais...


... devíamos seguir o exemplo de economias que têm o orçamento controlado, estão em crescimento económico e baixa inflação. Por exemplo o Reino Unido.
Já agora a figura de cima é tirada daqui.

Engraçado a % do funcionários público relativamente à população empregada era inferior a 15%

Nada de novo...

... nas últimas semanas.
O Verão passou e continua-se a discutir os problemas anteriores. De fora temos o Islão e o Papa, as manifestações na Hungria e a entrada da Roménia e da Bulgária. Mas tudo continua na mesma, na Europa alguns tentam apaziguar os ânimos Islão vs Ocidente, mas os EUA continuam instalados no Iraque e no Afeganistão. Ali, as guerrilhas continuam, nada muda...

Em Portugal a mudança é ainda menor, pq se antes do Verão os funcionários do Estado eram os culpados do défice, agora há números para confirmar tal teoria (já agora quanto custou o estudo encomendado à U. Católica e não a uma do Estado que chegou com um ano de atraso?). De pouco vale dizer que eles representam a mesma % do que na média da UE, que as suas qualificações estão muito acima da média da população (alías Vitorino disse até que eles eram fracamente qualificados), de pouco vale a pena dizer tudo isso... ...vamos continuar a ver governo e oposição a bater nos serviços do Estado enquanto os amigos dos partidos acumulam vários empregos e obtêm avenças e assessorias e, por outro lado, os mais amigos das empresas obtém contractos cujos prazos não são para cumprir (tal como aconteceu no Estudo),...

... enfim nada de novo e nem o SOL brilha, mas apaga-se atrás de nuvens cinzentas...

domingo, setembro 17, 2006

Enfim... ...este Portugal...

Saíram as colocações da 1ª fase na Universidade, e tirando um ou outro post isolado sobre o assunto como aqui a maior parte dos bloguistas está mais interessado em discutir o jornal "O Sol", o que disse o Papa, o aborto, etc...
Claro que são assuntos importantes, mas não essenciais à estuturação do futuro. Com o sem jornal novo nós vivemos, com ou sem Papa o problema islão-ocidente continuaria a existir, com ou sem aborto as sociedades não se desagregam... ...ou seja são meros episódios do mesmo.
Podemos dizer que a colocação na Universidade tb, mas... ...pode-se ver que a situação piora de ano para ano, e as discussões sobre o assunto vão desparecendo. E se a educação e qualificação dos jovens é o futuro do país então um país que não discute o seu futuro é um país que não merece um futuro melhor.

A grande FRAUDE...

... da educação em Portugal.
Ainda há dez anos o número de candidatos ao ensino superior era superior a 100.000 candidatos. Foi com esse número em mente e tendo em conta que apesar da redução demográfica da população jovem o número de desitentes do secundário teria grande margem para diminuir que se criaram novas Universidades e novos cursos superiores. Contudo hoje muitos alguns desses cursos não têm candidatos e muitos não conseguem preencher todas as vagas.
O que se passou? Na verdade o que se passou foi a redução do número de candidatos para pouco mais de 50.000. os outros alunos do secundário continuam a desitir ou a completar o secundário sem notas nas provas globais que lhes permitam entrar na Universidade.
Assim fomos todos enganados, ao diminuir a qualidade no ensino secundário e aumentar a dificuldade das globais (mais de 70% dos alunos com nota inferior a 9,5 valores a matemática é um exemplo) cortou-se as pernas à actual geração para se qualificar. Chega-se ao ridículo de pessoas que terminam o 12º ano mas NÃO podem entrar na Universidade devido à nota mínima. Temos logo aqui um contra-senso: dá-se o 12º ano mas não pode entrar na Universidade. Então que raio de qualificação tem? É igual a quem desistiu? Pelos vistos sim...
Podemos resumir a estratégia de sucessivos governos à seguinte:
Aumenta-se a dificuldade das provas globais relativamente ao que se ensina, por forma a diminuir os candidatos às universidades e, com o tempo, fechar estas. Desta forma qualifica-se menos, mas tb se gasta menos dinheiro e o resultado está à vista: uma população menos qualificada é uma população menos exigente com os seus governantes, Salazar sabia-o bem e a catrefada de políticos que estão no poder (qual terá sido a nota de acesso de Sócrates ao ISEC? Penso que nessa altura muitos dos cursos no ISEC tinham notas negativas de entrada) também. Vamos ficar mais burros, mais pobres e mais roubados. Portugal tem de mudar... ...não podemos continuar a mandar pela borda fora o futuro dos jovens e o futuro do país.

segunda-feira, setembro 11, 2006

(Des)Responsabilização à portuguesa...

... ultimamente os nossos meios de comunicação "inventaram" a figura do provedor. Este seria a figura a quem os clientes desse meio de comunicação se dirigiam sempre que tivessem reclamações ou sugestões. A ideia é boa, denotando uma aproximação entre quem transmite a notícia e quem a recebe e para dar uma ideia de transparência e abertura e contudo...

... veja-se isto.
O DN errou, e o provedor reconhece o facto, contudo logo a seguir dá o exemplo de uma reclamação sem sentido por forma a desresponsabilizar o jornal do erro anterior e justificando a existência do erro uma vez que quem reclama também erra.
Nada mais errado. Que compra um jornal espera ser informado e receber factos verdadeiros, dispendendo dinheiro em tal. O jornal tem assim uma responsabilidade acrescida em oferecer um produto de qualidade e os erros que faz devem ser assumidos com humilidade e corrigidos.
Quem erra numa reclamação não tem a mesma responsabilidade uma vez que não está a vender o seu produto e dá a informação (certa ou não) gratuitamente e desinteressadamente ao jornal. Este só tem a ganhar com elas.

Contudo ao fazer equivaler as duas está, por um lado, a desresponsabilizar o jornal e, por outro, a combater as reclamações - seria melhor que não as houvesse - por forma a transformar a figura do provedor não numa figura de aporximação com os clientes mas apenas uma figura de retórica. Se a ideia for essa mais vale a pena eliminá-la.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Para todos os que se interessaram sobre...

... este artigo no DN sobre o índice de recessão a partir da contagem de palavras, ler isto aqui.