sexta-feira, novembro 25, 2005

Mais uma pérola do blog Super-Mário (e de outros cultos)...

João Pinto e Castro escreveu no blog Super-Mário:
«O caso não é, obviamente, a leitura dos Lusíadas, um livro manifestamente difícil para o público contemporâneo. Cavaco poderia interessar-se, em alternativa, por Eça, Camilo, Pessoa, Agustina, Sena, sei lá... Ou, em alternativa, por qualquer outro domínio das artes ou das humanidades.»

O problema, ao contrário do q JPC afirma não é a falta de cultura geral de Cavaco, é o facto de que Cavaco não tem a cultura geral da elite pseudo-ntelctual portuguesa. Esta «cultura geral» intelectual é em Portugal restricta àquilo que se aprende nos cursos de Filosofia, Direito, Sociologia, ciências políticas. Um exemplo claro disso é que todos sabem alguma coisa de história europeia, mas sobretudo do séc. XIX e XX, mas pouco sabem sobre essa mesma história da Idade Média e Renascimento(exemplos:
1.Li, algures, não me lembro onde, que a Lituânia era um país pequeno sem história: de facto a Lituânia já foi um país enorme que ia do báltico até ao mar negro. Foi há quase um milénio mas o desconhecimento da história medieval do leste europeu diz para dizer estas coisas).
2. O falecido Lucas Pires (homem de grande inteligência) disse uma vez que na Europa havia países de tradições antigas no mar como Portugal e países de tradições maítimas mais modestas, como a Dinamarca????, nem vou falar ds vikings, mas a Dinamarca tb passeava os seus barcos pelo Índico no sec XVII, fundando, inculsive um posto comercial e tendo obtido (de facto) a jurisdição sobre uma cidade na Índia(Tranquebar estabelecida em 1620).

A cultura humanista em Portugal resume-se à história da europa ocidental , ao império romano e à grécia clássica (mas pouco se fala de Aristóteles, Platão e Sócrates) e pensadores políticos. É polvilhada de literatura francesa e anglo-saxónica ( e portuguesa) e pouco mais (só isso é que dá para que Vasco Graça Moura possa colocar o seu nome ao lado do de Dante na sua tradução da dívina comédia, sem referi quem é autor e quem é tradutor, e iss na versão soft pq já vi capas com o nome do tradutor em letras grandes e a do autor em letras pequenas e sem referir quem é quem).
Quanto à música clássica é de facto muito pouca quase limitada à música (basta para isso ver a paupérrima época de ópera em Portugal, que é inexistente e ao desaparecimento da companhia de bailado da Gulbenkian). O teatro em Portugal é quase fechado sobre si mesmo com muito pouca abertura ao exterior (quer no exportar, quer no importar de peças). Depois há os que têm um fetish, chamado Jazz, que é bonito e belo e que ora está na moda ou não desses cultos universais.
Pintura e escultura então disso pouco ou nada si diz ( discute-se as opções estéticas das estátuas que se inauguram mas não a inspiração de quem as realiza. Arquitectura, só mesmo pq os nossos arquitectos têm renome mundial, e é da contemporânea, a maior parte não sabe distinguir um barroco de um gótico).
Não tenhamos ilusões, não é só Cavaco que tem pouco desta cultura soft-core feita nos departamentos humanistas das nossas universidades, todos os que vêm de áreas mais técnicas têm muito pouco desta cultura que não é ganha em casa mas massificada nas universidades (só isso justifica que se possa almoçãr a conversar sobre o tema, ele tem de ser razoavelmente conhecido por todos). Uma verdadeira cultura humanista de história e arte feita por si não é prórpria para conversas de café, é individual e diversificada, própria para esclarecimentos pontuais, conversas restricts, não para conversas generalistas de almoço ou intervenções políticas públicas. .

PS: Já vivi em vários países, e esta obsessão de que os políticos têm de ter a cultura humanista das elites só se vive em Portugal. Se calhar é pq essas elites têm medo que os
outros lhes tirem o lugarzinho político.

PSII:Quanto aos concertos para violino de chopin, o Santana podia-se referir a:
«Chopin ha composto quasi esclusivamente per pianoforte solista, ma il catalogo delle sue opere include anche 2 concerti per pianoforte e orchestra, 20 romanze per voce e pianoforte e un numero esiguo di composizioni da camera per pianoforte e violoncello; pianoforte, violoncello e violino; pianoforte e flauto» (tirado da wikipedia versão italiana, pq a portuguesa é muito mais pobre esquece-se do número exíguo de composições para orquestras de camera). Logo Santana pode ser um admirador das composições de camera para piano, violoncelo e violino.
OU
podia-se referir a Chopin on Violin «The world-premiere recording of a new transcription of Chopin's Cello Sonata is the centrepiece of this outstanding recording from violinist Catherine Manoukian. The CD also features many of Chopin's most popular nocturnes and ...» como em Portugal existe a tentação de não se dizer que houve uma tradução ou adaptação...

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