segunda-feira, novembro 07, 2005

Condomínios privados e Paris

As Beiras, hoje...
''...Com o Zen, a Bascol quer ser pioneira, em Coimbra e no país, na construção de condomínios privados...''

Até hoje no país havia alguns condomínios privados, mas muitos deles remontavam ao Estado Novo, ou eram empreendimentos de cariz turístico. Pelos vistos está a chegar a moda de fazer condomínios privados mesmo em cidades de pequena/média dimensão. O que signifca um condomínio privado, de certo um conjunto de prédios com arruamentos entre eles mas onde a entrada nesses arruamentos terá um portão à porta e um porteiro. Assim quando se quiser ir visitar alguém terá de se pedir ao porteiro que contacte com a pessoa em questão, ...
Até hoje complexos deste tipo não eram autorizados pela maior parte das câmaras, incluindo a de Coimbra (aliás esta empresa tentou fazer o mesmo com empreendimentos anteriores na altura de executivo PS e não conseguiu a autorização), mas pelos vistos o panorama está a mudar. Um dia teremos de nos habituar a andar pelas avenidadas ladeadas de muros onde, para além destes, estão bairros guardados e exclusivos. Esses condomínios são mais uma forma de separar a sociedade entre os que têm e os outros. As crianças que crescem nesses condomínios verão a rua pública como um lugar perigoso e as crianças que brincam nessas ruas serão olhadas e tratadas como delinquentes, estas últimas acabarão por ser desprezadas, discriminadas e começa aqui o processo de não educação da sociedade para o respeito entre todos.
Os condomínios privados podem ser uma fonte de lucro, mas se eles se implantarem, tal como acontece no Brasil, pode ser que tenhamos uma sociedade como a do Brasil em que os que vivem para além dos muros vivem no medo dos que vivem aquém dos muros. Pode ser que um dia as pedras voem por cima dos muros e depois dizemos que é culpa do estado social ou a falta deste, não compreendendo que este tipo de condomínio e acções iguais são os responsáveis pelos rastilhos da revolta.
Aliás a primeira razão da revolta de Paris é a guetização dos emigrantes, ao colocá-los longe e afastados dos Franceses ancestrais o que lhes deu a ideia de que são explorados mas colocados à margem da sociedade.

PS: O repto aos candidatos a PR continua. Se for PR e suceder em Lisboa o que acontece em Paris o que fará? (Ajude a espalhar a pergunta, pode ser que algum a oiça)

2 comentários:

João Dias de Carvalho disse...

Meu Caro, Li com atenção a tua abordagem a esta situação (que ocorre em França) e, obviamente, apresentas questões reais mas, pessoalmente, parece-me que estamos todos, como é comum nesta cultura de Republica Francesa por nós importada, a nos esquecer que cada individuo é a primeira entidade responsável por melhorar as suas condições globais da sua vida. Cada de um de nós, por si e em sociedade, tem de lutar, de trabalhar e de se esforçar por desenvolver a sua qualidade vida. Parece-me absurdo, tanto ontem como amanhã, continuar com esta filosofia estado dependente, estado responsável, estado cobrador de direitos. O cidadão, cada cidadão tem deveres com ele próprio e com a sociedade. Estes são primários.

Anónimo disse...

http://jscoimbra.blogspot.com/2005/11/mrio-soares-atento-imigrao.html