quarta-feira, novembro 23, 2005

Artigo 13 (Lição de democracia vinda de um reality show)

A propósito de ter recebido um mail de um pré-candidato a PR, no caso F.L., a dizer que tem reclamado a presença nos debates de todos os candidatos a PR.
Desde logo saúdo a sua resposta e pelos vistos a sua coêrencia mas não basta.
Porquê?
Aqui vai a história de um reality show de um país europeu.
Este reality show selecciona cerca de 20 jovens de talento (dança, canto, teatro, etc.) para participar numa "escola" onde durante alguns meses professores ensinam-lhes as bases das diversas categorias. A sua eliminação (lenta) é através de três formas:
1 - Chumbar em exames
2 - Desafios entre concorrentes (se perder vários é posto fora)
3 - Se consecutivamente for o menos votado pelo público via SMS tb é expulso.

Pois bem na última edição uma concorrente, considerada por unanimidade por colegas, professores e profissionais (que fazem a demonstração daquilo que os concorrentes devem executar nas provas) como a de maior talento foi expulsa pelo público (três vezes como a menos simpática). Coro de revolta de todos os participantes, mas regras eram regras e a própria concorrente aceitou-as, ao contrário de quase todos os outros participantes que queriam mudar a regras.
Nesta altura um dos produtores do programa interviu e disse qualquer coisa como isto:
"Estas eram as regras e temos de respeitar o público que votou, logo não podemos alterá-las, mas se pensam que as regras são injustas porque é que em acto de solidariedade não abandonam o programa?"
Nem um concorrente, professor ou profissional fez o mínimo gesto de abandono, aqui todos limitram-se a dizer que era injusto mas era a vida.
Logo caro F.L. não basta barafustar a dizer que as regras do jogo (dos debates) estão viciadas, porque se acha que é assim, porque se acha que os outros também têm direitos então não se limite a dizer que não concorda, diga também que não participa. Participando está a dar o seu aval, o resto é "sound bite" para português ouvir....

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