Na década de 90 do século passado houve uma moda em gestão: a reengenharia. Esta revolução consistia em reorganizar completamente uma empresa. Considerava-se então que se a empresa apresentava maus resultados tal devia-se a um mau esquema organizativo, logo fazer uma reorganização completa da mesma iria ultrapassar esses problemas e tornar-se lucrativa. A reengenharia deu usualmente maus resultados porque se esqueceram de um ponto fundamental: saber porque a estutura anterior funcinava mal. Em muitos casos a nova organização apenas herdava os problemas da anterior e a as empresas faliam mais depressa do que o previsto pois as empresas tinham que ultrapassar dois problemas: os anteriores e a adaptação a uma nova organização. A conclusão dessas experiências foi que a organização pode optimizar os resultados mas que a pior organização possível a funcionar bem daria sempre melhores resultados do que uma boa organização a funcionar mal.
Este problema vai-se colocar na reorganização da administração pública, será que todos os problemas são devidos a uma má organização, ou haverá outros que a reorganização não resolve? Na minha opinião a reorganização é um passo certo, mas tem de ser acompanhada de outros, nomeadamente na selecção de pessoas (tentar eliminar as cunhas e compadrios que minam todo o sistema), na motivação destas, na criação de um espírito e de missão de servidor público em cada funcionário, no combate ao desperdício (poder-se-ia dar um bónus salarial se um centro de custos não gastar todo o dinheiro orçamentado e cunprir os objectivos definidos).
Sem uma mudança do funcionamento da estutura a mudança desta última resolverá poucos problemas e só no curto prazo. Será que a reforma proposta pelo governo vai ao cerne da questão: as pessoas, ou vai ficar-se pelo embrulho: a estrutura? Se assim for será uma reforma falhada e as reformas falhadas trazem mais prejuízos do que os imediatos uma vez que põe em causa futuras alterações.
Mas o eleitor não deve ficar à espera para ver, como muitas vezes dizem os descrentes, os críticos e os cépticos. Não devemos ficar à espera, devemos sim aproveitar a iniciativa do governo que quer reformar para exigir que se vá mais longe e propondo soluções. Aliás se os povos do Leste Europeu ficassem à espera de ver no que é que a Perestroika iria dar ainda hoje haveria cortina de ferro, esses povos aproveitaram a abertura para exigir a reforma completa do sistema político.
O mesmo devemos fazer todos nós para que a reforma da administração pública não sejasó o mudar de embrulho, devemos, todos e não só os fiuniconários públicos, estar vigilantes para que estas reformas não sejam um novo embrulho, propondo soluções e denunciando tudo o que está mal.
segunda-feira, abril 03, 2006
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