domingo, março 19, 2006

Retorno...

... as férias do blog vão terminar. De realçar que foi o blog que tirou férias, não eu. Julguei que era necessário afastar-me um pouco da blogoesfera para manter um certo espírito de equidistância e repensar a linha editorial do blog. Deveria este ser um blog que apenas dava tiros aos outros (intenção inicial) ou ser um blog mais generalista que fala um pouco sobre tudo (e aí a palavra sniper tinha pouco siginificado)?
De realçar que não consegui chegar a uma conclusão, por isso até novas férias tentará ser tudo menos uma garrafa lançada ao mar,i.e., andar com a corrente.

Vamos a coisas sérias. Primeiro ler isto.

Então agora o facto do filho de Rosberg, Hill e Villeneuve serem bons pilotos é genético? Deve ser uma genética curiosa porque só aparece nos anos 90. De 1950 a 1990 houve muito poucos filhos a seguir as pisadas dos papás e nenhum com sucesso. Mas agora falamos de genética para aquilo que é na verdade um misto de várias coisas: ensinamentos de pais para filhos , contactos (conhecimentos) e oportunidade. É óbvio que um filho de um piloto de F1 tem acesso a mais conhecimento do que os seus colegas aumentando a possibilidade de singrar na mesma carreira.
Mas esses edge não chega, os contactos (ser amigo dos patrões das equipas mais fortes em categorias inferiores) ajuda a ter resultados e com resultados chegar a F1. E oportunidade, na F1 o filho de Rosberg mesmo sem correr já dava lucro ao ser mostrado nos Telejornais do mundo dentro do Williams (já os outros rookies não tiveram a mesma exposição mediática nos testes de inverno).
E esse mix de ensinamento, contactos e oportunidade que explica o facto.
O mesmo se passa em muitos lugares de relevo em Portugal, o ensinamento que dá uma vantagem importante porque o sistema da ensino não é igualizador mas mantém as diferenças entre os que têm posses para pagar a explicadores e os outros; os conhecimentos em que ao filho do amigo se dá 15 em vez de 14, 17 em vez de 16, e ponto a ponto obtém melhores médias; e oportunidade porque se eu beneficiar o filho do outro, o outro poderá beneficiar-me no futuro em júris de progressão de carreira ou a obtençao de um biscate bem pago na Adm. Pública..

A genética não deixa de ter um papel, mas numa sociedade em que a escola fosse igualizadora, o amiguismo inexistente e a transacção de favores não desse lucro poderíamos verificar que de facto a genética seria importante para explicar as diferenças existentes, talvez essas fossem na ordem de 1%, talvez menos, mas não no grau que se assite quer na F1 de hoje (onde o dinheiro manda, compra o acesso mas não a vitória) e com mais relevo em Portugal, onde se compra o acesso e a VITÒRIA.

Como resolver o problema em Portugal? Talvez fazendo sentir aos cunhistas que o são. Cortar amizades e contactos com eles (usualmente não são competentes e precisam dos outros para esconder a sua ignorância), quando nos referimos a eles realçar a qualidade de trepador pela cunha, criar-lhes um ambiente social hostil. E não é impossível, porque os fumadores enfrentam diariamente um ambiente social hostil em muitos países, os toxicodependentes recuperados (injustamente, diga-se) )tb, logo é só fazer o mesmo.

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