quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Não confiar no que nos dizem na primeira vez...

... e na aparência do que dizem na segunda.

A seginte imagem retirada do The economist mostra o crescimento anual do PIB dos EUA e da UE de 1999 a 2004. Compara as primeiras estimativas com a revisão (de notar que calcular o PIB não é telefonar a todas as empresas e perguntar: 'Ó Zé quantas latas é que produziste no último mês'. Na verdade é uma estimativa baseada num conjunto de informações, algumas só disponíveis anos mais tarde que leva a que se reveja o crescimento caculado e se apresentem dados 'finais')




Verificamos que após a revisão o crescimento do PIB americano passou de 3.1% para 2.7%, enquanto o da zona Euro passou de 1.6% para 2%. De facto a diferença reduziu-se de 1.5% para 0.7%.
Contudo, à reacção, mas os EUA crescem mais do que a Euroland, tem de se pensar que o q realmente conta é o PIB per capita, e como os EUA tem um crescimento populacional de 1% e a Europa de 0.3%, logo:
'As a result, the euro area's GDP per head has in fact grown at the same pace as America's.'

Mas há mais:
'...Europe could rejoice in further upward revisions to growth if its governments were to adopt American statistical practices. Price deflators there take more account of improvements in the quality of goods, such as computers, and thus a given rise in nominal spending implies faster growth in real terms. By using higher inflation rates, the euro area understates its growth relative to America's.In addition, American statisticians consider firms' spending on software that is written in-house to be investment, while in the euro area it is often counted as an expense and so is excluded from final output. The surge in software spending has therefore inflated America's relative growth.

On past experience, Europe's statisticians should add half a percentage point to their first guesses of GDP growth. By also switching to American practices, they could boost growth even further. Instead, their cautious ways are making Europe's economies look more dismal than they are, and gloomy headlines are discouraging consumers from spending. Perhaps Europe should outsource the compilation of its statistics to America, and then watch the boom.'

Ou seja por outras palavras se o Eurostat fizesse as contas da América o crescimento desta seria de 2.2% (contra os 2.7%) e se os Americanos fizessam as cotas Europeias o PIB Europeu cresceria a um ritmo de 2.5% (contra os 2% registados) e logo a Europa em PIB per capita cresceria mais rápido.
Fonte: The Economist (baseado em contas da Goldman Sachs)

PS: Onde estão os que durante cinco anos nos diziam olhem para a América e façam como eles, de facto em PIB per capita estamos iguais e a Europa ainda sub-contabiliza o crescimento quando comparado como o dos EUA.

PS2: Contudo isto não invalida o que Portugal esteja em crise, pois estamos a ficar mais longe dos nossos parceiros fazendo a contabilidade com critérios iguais .

2 comentários:

tiago m disse...

fantástico post! ainda por cima vindo do Economist, uma revista sempre pronta a lovar as práticas americanas… obrigado pela informação

Maio disse...

Excelente análise! Só prova que jornalismo é uma coisa e propaganda, outra!