Na boa tradição portuguesa a campanha a PR está a transformar-se numa campanha de ataques pessoais dados de forma indirecta.
Assim Cavaco Silva insurge-se contra os políticos profissionais, como se estes fossem uma espécie de praga que infesta Portugal. Na verdade os políticos profissionais são tão necessários como qualquer outra profissão. Sem eles os partidos políticos não existiriam, são eles que estão permanentemente disponiveis para assegurar candidaturas aos mais variados lugares e ocupar esses mesmos lugares quando a derrota se afigura como invitável ou quando mais ninguém quer desempenhar essas funções. Atacar os políticos profissionais é como atacar quem nos recolhe o lixo, quem nos guia os autocarros, quem conduz os comboios ou pilota os aviões, são necessários e por isso existem. Aliás se não fossem necessários, se não tivessem utilidade para as sociedades esta, ao longo de milénos tinha-os extinto, ou melhor não teria deixado estes aparecer.
Mas por outro lado Mário Soares ataca C.S. por este dizer que não é um político profissional. De facto nem todos os que exercem cargos políticos têm necessariamente que ser profissionais da política, podem ser simplesmente pessoas que abdicam da sua vida profissional e/ou pessoal para, durante um certo tempo ajudarem, dentro das suas possibilidades, o país. Desta forma C.S. não era um político profissional, antes da política tinha uma vida profissional sólida e a política não o ajudou a progredir nessa sua carreira. Podemos concordar ou não com a forma como foi P.M. mas não poderemos dizer que a política foi a sua vida, muito longe disso e a prova é que de todas as reformas que recebe só 25% provêm de um cargo político, o remanescente provém da sua actividade profissional que já exercia antes de ser político.
Esta discussão entre os dois candidatos mostra só o nível de intolerância que ambos mostram face ao outro lado. C.S. não gosta de profissionais da politica, mas considera que toda a actividade política tem de se fazer dentro de um partido. Não percebe que muitas vezes aqueles que querem intervir na sociedade o devem fazer em contra-ponto aos políticos profissionais e não EM VEZ destes. M.S. não entende que para se intervir politicamente não se tem que ser politico de profissão.
Num virar de século e que a política está a dicar mais complexa e em que as formas de intervenção se multiplicam C.S. e M.S. não entendem esta mudança, eles vêm toda a acção política sob o prisma dos partidos.
É aqui que a candidatura de Manuel Alegre difere, pq apesar de ser um político, apesar de inscrito num partido percebe que HÁ MAIS VIDA PARA ALÉM DOS PARTIDOS. Sendo assim só ele é que poderá agir como um árbitro entre a sociedade civil, não politica, não partidária e os partidos políticos, sob o risco (caso MS ou CS serem eleitos) de se verificar uma fractura irreversivel entre a sociedade e a política que poderá colocar em causa os fundamentos da democarcia Portuguesa.
segunda-feira, outubro 31, 2005
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