quarta-feira, outubro 26, 2005

Tiro do Alegre

No blog Mário Super, Pedro Adão e Silva diz "... ou o que dizer de Manuel Alegre em diatribes diárias contra esse saco de pancada em que se transformaram os aparelhos partidários?..."

não leu ou não quis ler a página de internet do próprio Alegre a qual transcrevo aqui parte:
"O facto de a minha candidatura ser a única que não depende de nenhum partido político não significa que seja contra os partidos. Como muitas vezes tenho dito, os partidos políticos, de acordo, aliás, com a Constituição, são essenciais à formação democrática da vontade colectiva. Mas não esgotam a democracia. O excessivo peso dos aparelhos partidários afunila, não só os partidos, como toda a vida cívica. "

Qualquer pessoa de bom senso que saiba ler pode concluir que Manuel Alegre não é o contra os aparelhos partidários, mas é contra o excessivo peso destes na sociedade.

Uma destas realidades é o facto de Portugal ser um dos países do mundo com mais Blogs de intervenção política. Este facto revela que da facto as pessoas gostam de participar e discutir as grandes decisões do país, mas não encontram na sociedade civil organizações onde possam dar o seu contributo.
Quando estas aparecem são rapidamente canibalizadas pelos partidos políticos, ou são rapidamente rotulados de "comunas" ou "fachos" e afastadas para as margens do esquecimento.
A sociedade civil é assim mantida num estado de letargia, adormecida mas com um potencial imenso. Potencial esse, que os partidos vêm como uma ameaça, não para o país mas para eles próprios. Não percebem que o acordar da sociedade civil contribuiria para um melhor Portugal , ajudaria o desenvolvimento e o crescimento e no final beneficiaria todos, inclusivé os partidos políticos.
Mas estes últimos, ou melhor, as pessoas que os compõe, preferem manter o poder como um exclusivo pois a concorrência acrescida poderá não lhes ser benéfica, sobretudo para aqueles cujas pseudo-carreiras não políticas (na academia, na banca, nas empresas) foram construidas devido a uma sólida carreira política e não devido às suas comptências pessoais.

Mas, independentemente da vontade dos partidos, Portugal está a mudar. Existe uma cada vez maior franja do eleitorado que gostaria de ver o peso dos partidos políticos diminuir, quer nos órgãos do poder, quer dentro da administração pública. A questão é como é que essa mudança será feita. Se os partidos continuarem a a esmagar todas as organizações que emergem da sociedade civil assim que estas se manifestam, sucederá o que sucedeu nas autárquicas: Um conjunto de pseudo-independentes populistas que usaram os partidos para seu usufruto e quando foram postos fora (justa ou injustamente) mostraram o poder que construíram ao vencer as eleições. Se for este o caminho, a sitema político acabará por implodir sobre si mesmo.

É devido a este perigo que a candidatura de Manuel Alegre é importante (sei que tb ele vem de um partido político). De entre os candidatos só ele terá a legitimidade para equilibrar as forças entre os aparelhos políticos e a sociedade civil e mais do que manter a estabilidade de uma legislatura ou outra, ele é o unico candidato que poderá manter o equílibrio de todo o sistema político.

Mário Soares será incapaz de fazer tal, por dois motivos.
Primeiro porque apoiado pelo PS será tentado a desequilibrar o jogo a favor dos partidos, nomeadamente do PS. Segundo, pelo seu historial de luta pela democracia pensa que a vida política será sempre um monopólio dos partidos, pois só eles é que seriam os únicos capazes de agregar vontades e ter a massa crítica para propor reformas.

Penso que Cavaco Silva não jogaria como PR sempre a favor do PSD, mas penso, até por todo o historial como PM que estaria contra qualquer movimento cuja origem fosse entre a sociedade civil e não de dentro dos aparelhos partidários. Cavaco Silva é um autista para com a sociedade civil, basta lembrar as reividicações da ponte 25 de Abril, vistas pelo governo e por ele como uma agitação do PCP e não como uma manifestação de desobediência civil.

Poderá perguntar-se a si próprio porque será, então, Manuel Alegre capaz de fazer esse equilíbrio. Se consultar a biografia de Manuel alegre (http://www.manuelalegre.com/index.php?area=1500) poderá ver que desde cedo tentou participar na vida política, fora e dentro dos partidos. É o único destes três candidatos que tem experiência em ambos os lados, é o único que poderá dar um equilibrio a Portugal.

el__sniper

PS: E não seria interncionalmente um sinal de orgulho ter um PR poeta. Imaginem-no a receber no Palácio de Belém o presidente da comissão europeia , não com a tradicionais boas vindas mas com uma ode à Europa.

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