… hoje no DN, aqui, um artigo de opinião de uma inteligência que me escapa.
Assim esta parte escapa-me:
“…referia ao destino a dar a cerca de 200 mil funcionários públicos. A ideia é conhecida: diz-se que há funcionários públicos a mais e, logo, uma "solução" talvez fosse haver menos. Por acaso, ao mesmo tempo que esta "solução" era apresentada, saía também um relatório oficial mostrando que afinal, por comparação com a Europa desenvolvida, não teríamos assim tantos funcionários. Estaríamos até bem dentro da média. Isto deu logo azo a rumores sobre se, sendo assim, valeria a pena fazer alguma coisa com os ditos funcionários. Este argumento não vai por aí além. Os erros dos outros não justificam os nossos e, acaso se chegasse à conclusão de que deveria haver menos funcionários públicos, isso deveria ser independente de saber se a Suécia ou a Alemanha estão numa situação idêntica. Até porque muita coisa se fez mal em países do género da Suécia e da Alemanha,…”
Não percebo porque é que na Alemanha, na Suécia ou no Reino Unido se comete tamanho erro por terem mais funcionários do que nós. Se fosse verdade que o número de funcionários públicos fosse o determinante principal para a falta de competitividade da economia portuguesa então Portugal seria mais competitivo do que esses países, mas de facto não o é, ver aqui. A Suécia encontra-se à frente dos EUA na competitividade e a Alemanha e o Reino Unido estão no top tem, já Portugal está lá para baixo, para lá do 30º lugar. Assim sendo, não parece que o número de funcionários públicos seja assim tão importante.
A seguir, este senhor, continua com:
“…A educação, de resto, é a obsessão dos governos portugueses de há 200 anos a esta parte, desde que a instrução primária obrigatória foi instituída pelo liberalismo do século XIX até aos programas de fomento educativo da I República e (ao contrário do que diz a lenda) mesmo do Estado Novo.”
Sim foi uma obsessão, mas não foi concretizada, chegámos à década de 80 com o mais alto índice de analfabetismo da Europa Ocidental e ainda hoje somos o país com menos mão-de-obra qualificada. Tem razão que não é o ACTUAL SISTEMA DE ENSINO que vai resolver os problemas, mas daí a dizer que a educação não resolve nada, como afirma aqui:
”…. Trata-se apenas de constatar que não é a educação que vai resolver o problema económico português. Nós podemos pensar que a educação é uma coisa muito linda e muito excelente. (….). Em 1966, a nossa mão-de-obra era muito menos qualificada do que hoje e crescíamos a taxas de cerca de 7% ao ano. A China tem muito menos gente qualificada do que nós, mas isso não a impede de crescer cerca de 10% ao ano….”
Pois foi, em 1966 crescíamos a 6%, tínhamos acabado de abrir Portugal ao investimento externo e começada uma política de democratização do ensino superior. Conjugado com o baixo nível de que partimos tivemos crescimentos enormes, já agora comparados com os do final da década de 80 em que entrámos na EU. Também é verdade que a China cresce a 10%, tem menos gente qualificada, mas parte de um nível mais baixo ($6,800 per capita (2005 est.)) e nos últimos anos tem feito um esforço de qualificação do seu povo.
Dizer que a educação não resolve nada, é contradizer mais de uma década de estudos em que mostram que esta está altamente correlacionada com crescimento económico e assim como é que este senhor explica que a performance dos EUA onde 30% da população é licenciada, sendo os EUA um dos países mais bem qualificados. Não há correlação pois não?
Para este senhor não. Deve pensar que um país de analfabetos (por acaso veja-se que não teve a coragem de dizer que se devia cortar na educação para se precaver de críticas como esta, mas sem coragem de dizer a sua conclusão o relato dos factos basta), de gente com poucas qualificações será o paraíso, se pensa isso porque não emigra para o Brasil, ou melhor para Angola?
Ainda bem que os gestores portugueses não pensam isso, será por isso que eles são gestores?
Já agora deixo esta dica: Já que é Historiador limite-se à História, onde sem dúvida é bom, não tente falar do que não sabe, não quer saber, …
PS: Mais um, que se afirma investigador do Instituto Universitário Europeu de Florença entre 1995 e 2003. De facto o título dos alunos de doutoramento é investigador por questões burocráticas, por favor, não tente passar pelo que não é, corrija o CV e diga:
Phd student/investigador do Instituto Universitário Europeu de Florença entre 1995 e 2003
quinta-feira, setembro 28, 2006
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