A ministra de educação teve mais uma daquelas ideias româticas, tão ao estilo dos educólogos, que cheia de boas intenções não atingirá os objectivos desejados embora tenha um custo apreciável.
Decidiu ela e o seu ministério que os alunos do 4º e 6º ciclo de educação farão testes de aferição dos conhecimentos em matemática e português com o objectivo de avaliar a situação. Esses testes não terão consequências sobre os alunos, será só para medir a evolução destes (e por ventura avaliar professores).
Comecemos pela impossibilidade de atingir os objectivos. Os alunos sabendo que os testes não os afectam minimamente não irão esforçar-se ao máximo para demonstrar os seus conhecimentos (se calhar muitos poderão inclusivé entregar provas em branco poupando-se ao esforço de pensar e raciocionar durante uma hora). Desta forma os resultados obtidos não irão medir o que eles sabem, irão sim medir o grau de romantismo da sociedade portuguesa: mostrar que sei só pelo prazer do o fazer. Todos os alunos que não têm ideiais românticos, que são práticos, positivistas e orientados por objectivos não vão querer mostrar coisa nenhuma. Vão simplesmente ignorar o teste, não estudarão para este, não farão um preparação aturada para este e com o aval dos pais (para quê queimar neurónios se não conta para nada?).
Mas, não atingindo o objectivo, o que já em si fará com que o custo destes exames seja um desperdício, a ministra quer maximizar o desperdício ao fazer um exame (que para nada conta e cujos resultados serão muito dúbios) a TODOS os alunos. Para fazer uma aferição do estado de nação, não é necessário realizar o teste a todos mas apenas a uma amostra representativa (5000 alunos avaliados chegariam), é isso que o projecto de avaliação da educação da OCDE - PISA - faz. Avalia uma amostra e com métodos estatísticos intrereta os resultados. Aliás a ministra devia saber que as técnicas estatísticas foram desenvolvidas para poupar dinheiro: Muitas empresas que produzem diariamente milhares de unidades de um mesmo componente sujeitam-nos a um teste de qualidade superficial e selccionam uma amostra para um teste de qualidade em profundidade. Só se na amostra a % de falhas é elevada é que o lote é retirado ou avaliado na totalidade.
Então como avaliar com poucos custos: primeiro utiliza-se a existência de testes globais feitos em todas as escolas (q contam para a nota) para numa amostra seleccionada dar aos alunos o mesmo teste sem estes o saberem. Assim os alunos sendo avaliados farão o esfroço normal e obtém os resultados desse esforço (que é o que se quer medir), e se não sabem se fazem parte da amostra ou não retirará problemas de os resultados serem endógenos (i.e. se eles souberem que para além de estarem a ser avaliados, o teste é utilizado para aferir resultados globais podem preparar-se mais/menos do q o normal para o exame, enviesando para melhor/pior os resultados obtidos).
Conclusão: a ministra até tem a boa ideia de avaliar, mas continua presa ao romântismo da avaliação sem consequências. Assim não vamos lá. Já Almeida Garret ao descrever o que os soldados espanhóis diziam dos soldados portugueses diza: são uns românticos, bons para a poesia....
segunda-feira, julho 24, 2006
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